Laços de mistério
A aula já havia começado há 20 minutos quando uma aluna nova entrou na sala. Ela entregou um bilhete da diretoria para a professora, que a apresentou:
— Atenção, turma! Essa daqui é a Samara, ela estudará nesta sala a partir de hoje.
— Bem-vinda, Samara! — Alguns alunos falaram.
Assim que foi apresentada, ela começou a andar em direção ao fim da sala, havia vários lugares vazios na frente, mas preferiu se sentar na última carteira da parede.
Algumas horas se passaram e o sinal do intervalo tocou.
Samara estava sozinha no canto do pátio, então um grupo de alunos de sua sala se aproximaram dela.
— Oi, me chamo Alan — disse o menino mais alto com cabelos cacheados e loiros. — Essa daqui é a Sofia — Ele apontou para uma menina baixinha ao seu lado. — Ao lado dela o Gabriel. — Um garoto quieto, que parecia estar jogando algo no celular. — E o Michel.— Um adolescente com olhos azuis e cabelos pretos compridos.
— Oi — Ela respondeu.
— Quer andar com a gente?
— Claro — Ela disse, sem jeito.
Eles começaram a andar pelo pátio, e apresentar a escola para ela.
— Ali é o laboratório, do lado fica a quadra e mais para frente, a biblioteca… — Alan falava enquanto andavam.
— Por que mudou de escola no meio do ano? — perguntou Michel
— Meus pais se mudaram a trabalho…
— Entendi, e com o que eles trabalham?
— Eles são pesquisadores. Meu pai abriu uma empresa de tecnologia aqui, eles estudam biotecnologia, principalmente a parte de modificação genética.
— Que legal! — comentou Sofia.
— Legal? Eu fiquei com medo, isso sim! — falou Alan.
Eles continuaram conversando o resto do intervalo.
Os dias se passaram, e Samara ficou muito amiga deles, começaram a andar juntos. Principalmente Michel, que gostava das mesmas coisas que ela. Ambos saiam juntos depois da aula para andar de skate na pista do lado da escola.
Os dois se aproximaram muito, até que, um dia, Michel levou um buquê de flores para a escola, e a pediu em namoro.
Tudo estava indo bem, era o primeiro relacionamento dos dois, e eles estavam muito apaixonados, aquela primeira paixão que a gente nunca esquece.
Eles se divertiam muito juntos, saiam para ver filmes de terror no cinema toda sexta. E as quartas era dia de reunir o grupo.
Antes de Samara entrar para o grupo, eles tinham o costume de investigar coisas aleatórias, sempre foram apaixonados por mistérios. Toda semana arrumam um assunto novo para investigar.
Investigaram a casa abandonada no final da rua da escola, que todos diziam ser assombrada;
O caso da menina “desaparecida”, que era uma colega deles que faltou por 3 dias seguidos e ninguém conseguia contatá-la, mas no fim ela só estava viciada em um jogo novo e convenceu seus pais que estava doente para não ir à escola;
E, é claro, o caso da garota possuída, saiu a notícia no jornal local de que uma garota fora internada em um hospital psiquiátrico por que tinha certeza que estava “possuída”, mas, na realidade, ela só viu um vídeo no YouTube falando que morar num hospital psiquiátrico é ótimo, tem aulas de artesanato e várias atividades ao ar livre... Ao ver esse vídeo, ela tentou convencer os pais que estava louca apenas para ser internada. Um dia após ser internada, ela percebeu estar presa, não podia sair do hospital psiquiátrico para ver os pais e acabou confessando a verdade.
Quando Samara entrou no grupo, eles contaram tudo isso para ela, e ela quis participar das próximas investigações, então, toda quarta eles se reuniam para estudar um caso novo.
O caso atual era de um hotel no centro da cidade, que supostamente era amaldiçoado. Dizia a lenda, que se você entrar no elevador e apertar o número 13, você vai para o inferno.
Eles foram até o hotel investigar e chegando lá perceberam haver um problema, o elevador não tinha o número 13. O prédio tinha 15 andares, mas os botões do elevador pulavam do número 12 para o 14.
— Como assim não tem o 13? — Sofia perguntou, confusa.
— Provavelmente veio muita gente aqui fazer o teste, e eles tiraram o botão — respondeu Alan
— Ou a lenda é verdadeira e eles ficaram com medo — falou Gabriel.
— Até parece! — disse Michel — Mas o que fazemos agora? Como vamos testar?
eles tentaram apertar o 12, nada aconteceu. Apertaram o 14, e nada também. Samara teve a ideia de apertar os dois botões, e quando chegasse no meio, apertar o botão para parar o elevador, mas também não funcionou.
— Espera, tive uma ideia! — gritou Sofia, assustando todos
Sofia apertou o botão 1 e 3 do elevador. Ele começou a subir, até que a tela que mostrava o andar em que estavam exibiu o número 13, e a porta se abriu.
— Prontos para ir pro inferno? — comentou Gabriel, rindo
Assim que a porta se abriu, eles se depararam com um lugar vazio, provavelmente o subsolo do prédio.
— Só isso? Esperava algo mais — falou Samara.
— Esse inferno não é muito assustador — disse Michel.
Todos saíram do elevador para investigar o andar e a porta do elevador começou a fechar. Gabriel olhou para trás, e percebeu que não havia botão para chamar o elevador ali!
Ele correu o mais rápido que pôde em direção à porta, e, por sorte, ainda estava perto dela, então conseguiu impedi-la de fechar.
— Ufa! — ele exclamou, e explicou a situação para todos.
— Então foi por isso que tiraram o botão 13… — comentou Michel.
— Ainda bem que você foi rápido, poderíamos ter ficado presos aqui sabe-se lá até quando… — falou Sofia, ainda assustada.
Todos voltaram para suas casas, ainda em choque, pensando no que poderia ter acontecido.
Depois de alguns dias, eles voltaram com as investigações como se nada tivesse acontecido.
Alguns meses depois, Michel mandou uma mensagem para o resto do grupo, dizendo estar preocupado, pois Samara ligou para ele desesperada no meio da madrugada.
Ao chegarem em sua casa, Samara contou para os amigos, entre lágrimas, que sua tia fora assassinada na noite anterior.
— Sinto muito — falou Michel, abraçando-a.
— Amanhã meus pais vão para a cidade em que minha tia morava, para cuidar dos meus primos, Marcos e Emília.
— Amanhã é sábado… Poderíamos ir todos passar o final de semana lá. Assim ajudamos na mudança e fazemos companhia para você — falou Gabriel.
— Vocês são demais… Isso ajudaria muito, não quero ficar longe dos meus amigos agora.
Eles conseguiram convencer seus pais a deixá-los ir e no sábado de manhã todos estavam na casa de Samara. Eles saíram em dois carros, o dos pais de Samara e o de Carla, mãe de Sofia, que se ofereceu para dar carona e ajudar na mudança.
Após uma hora de viagem, eles chegaram na casa da tia de Samara, e ao baterem na porta, se depararam com Marcos, um garoto baixinho e de óculos, que não conseguia parar de chorar.
Eles se cumprimentaram, e Jonas, o pai de Samara, perguntou:
— E a Emília? Está aqui?
— Ela ficou trancada no quarto desde que… Você sabe… Já tentei chamá-la, mas ela não sai nem para comer.
Tiago parecia muito triste, porém havia algo mais, Michel percebeu ter algo de errado, mas não sabia dizer o quê.
Eles começaram a pegar as coisas e colocar em caixas, para levar para a casa de Samara. Tentaram chamar a Emília algumas vezes, mas ela não respondia, então decidiram deixá-la a sós um pouco.
Algumas horas depois, eles decidiram parar a arrumação para almoçar, e, enquanto preparavam o almoço, a campainha tocou.
— Pois não? — Perguntou Jonas, atendendo a porta.
— Olá, sou o detetive Everton, e estou aqui para falar sobre a Mayara, a dona da casa, que foi encontrada morta ontem.
— Sim, entre por favor — Jonas se apresentou, apresentou os meninos e ofereceu um copo de água ao policial.
— Serei breve, ao lado do corpo encontramos a arma do crime, e havia digitais nela, digitais dos seus sobrinhos, Emília e Tiago.
Todos ficaram em choque.
— Mas não pode ter sido eles… Não tem como eles terem conseguido a arma, e muito menos um motivo para matarem a própria mãe!
— Sim, o caso parece muito estranho. Apesar das digitais serem deles, o corpo foi encontrado no parque, e as câmeras de segurança não mostram nenhum deles entrando lá. O crime ocorreu aproximadamente às 9 da noite, horário em que Emília estava na faculdade e Tiago no curso. Temos álibis que confirmam isso.
— Então, o que fazemos agora?
— Primeiro eu gostaria de conversar com os dois, preciso ouvir o lado deles da história para saber se tem alguém que pode estar tentando incriminá-los.
— Tiago! Venha aqui, por favor! — Jonas chamou.
Tiago entrou na sala e o policial fez um breve interrogatório sobre a noite anterior. Também perguntou se tinha alguém que não gostasse deles por algum motivo.
— Não que eu saiba…
— Encontramos as digitais suas e da sua irmã na arma, en…
Antes que o investigador pudesse continuar, Tiago falou.
— Sinto muito! Eu não queria… Eu… Eu…
Ele começou a chorar copiosamente, enquanto confessava o crime.
— Mas você não estava no curso na terça à noite?
Tiago contou ao policial que o crime havia acontecido antes dele ir ao curso. Ele e a irmã haviam atirado na mãe às 6 da tarde, quando ainda estavam em casa. Emília teve essa ideia, pois assim teriam álibis.
Como a autópsia ainda não fora feita, não tinha como saber se isso era verdade ou não.
— Mas como o corpo foi parar no parque?
— Não sei, a Emília falou que iria cuidar do corpo…
Ele não parava de chorar e soluçar, mas, mesmo vendo o sofrimento do garoto, o policial teve que o prender.
— Emília! Vem aqui agora! — Jonas gritou, mas ninguém respondeu.
Então eles subiram até o quarto dela e arrombaram a porta, porém, estava vazio.
Enquanto tudo acontecia, Samara e seus amigos estavam na cozinha, ouvindo tudo.
— Essa história está muito estranha! — comentou Gabriel.
— Por que diz isso? — perguntou Sofia.
— Não vejo nenhum motivo para eles terem matado a própria mãe, e ainda deixarem o corpo em um lugar público. E como eles sabem que as digitais são do Tiago e da irmã, sendo que nenhum dos dois haviam ido à delegacia ainda?
— Não sei, mas tem muitas informações que não temos, então é difícil opinar — falou Michel.
— Samara, talvez você possa esclarecer algumas coisas para a gente… — disse Alan. — O que você sabe sobre sua tia?
— Posso tentar… — Samara respondeu. — Pelo que os meus pais me contaram, a Mayara trabalhava em pesquisas junto ao o meu pai desde que eram adolescentes. Algum tempo depois, minha mãe e meu tio, ex-marido de Mayara, também começaram a trabalhar nas pesquisas. Mas algo deu errado, eles tiveram uma briga tão feia, que Mayara saiu das pesquisas e se divorciou.
“O meu tio nunca voltou a falar com ela, nem a ver os filhos. Depois disso, Mayara se mudou com os filhos para essa cidade e começou a trabalhar em um novo laboratório, desenvolvendo as próprias experiências. Eu e meus primos temos muito contato, principalmente pela internet, mas nossos pais não sabem disso, eles nunca mais se falaram.”
— Caramba! Qual foi o motivo da briga? — perguntou Michel.
— Não sei… Só sei que tinha a ver com a pesquisa deles.
— Silêncio, eles voltaram a falar! — pediu Sofia.
Na sala, o detetive estava tentando descobrir para onde Emília poderia ter ido, mas o Tiago não fazia ideia.
— Ela não tem nenhum esconderijo? Nenhum lugar que gosta de ir?
— Não que eu saiba…
— Certo, me responda uma coisa, por que você e sua irmã fizeram isso? — Ele perguntou, mostrando a foto da Mayara, morta.
— Eu não sei… A Emília me obrigou, ela disse que precisávamos fazer aquilo se quiséssemos ajudar a mamãe. Eu tentei fugir, mas ela apontou uma arma para mim.
— Acha que a Emília seria capaz de fazer isso? Tiago está falando a verdade? — perguntou Alan, enquanto escutavam a conversa.
— Nunca! A Emília sempre falava de como admirava a mãe dela, ela nunca faria isso. E ela não teria como conseguir uma arma! — respondeu Samara
— Então Tiago está mentindo?
— Não sei… Ele parece estar sendo sincero. Não acho que ele seria capaz de fazer uma coisa dessas.
— Com certeza tem algo errado nessa história — falou Sofia. — Alguma peça está faltando nesse quebra-cabeça.
— Espera, eu já sei! — falou Samara, repentinamente. — Tem sim um lugar que a Emília gosta de ir, o clube das garotas!
— O que é isso? — perguntou Gabriel.
— E onde fica? — Alan quis saber.
— É um clube que as colegas de faculdade dela criaram, fica perto da faculdade, em um prédio abandonado. Ela já me contou desse lugar, até me chamou para ir, me disse que tem festas ótimas lá.
— O que estamos esperando? Bora lá! — sugeriu Gabriel.
— Você está maluco? — perguntou Michel. — Isso é um crime de verdade, não podemos simplesmente sair investigando por conta própria.
— Ou será que podemos?
— Não, não podemos.
— Não é que não podemos, é que não devemos…
— Nós temos que passar essa informação para a polícia! — disse Sofia, indo até a sala falar com o policial.
Ela e Samara conversaram com o detetive, e ele decidiu ir para o tal clube imediatamente.
— Posso ir com você? Acho que é mais fácil a Emília falar comigo — perguntou Samara.
Everton concordou em deixar a Emília ir junto, e ela mostrou o caminho a ele.
Ao chegar lá, eles se depararam com um prédio de três andares abandonado. O policial entrou no prédio e a Samara foi atrás dele.
— Emília? Você está aqui? — Samara perguntou.
— Samara?
Alguém perguntou, vindo em sua direção. Alguns segundos depois, Emília chegou até ela.
— Eu não acredito que você trouxe a polícia aqui! Achei que fossemos amigas! — ela disse, puxando uma arma.
— Está tudo bem, Emília — disse uma voz vindo de trás dela.
Ouviram-se passos de alguém se aproximando, e, assim que o policial percebeu quem era, ficou branco.
— Como… Como… O que está acontecendo aqui?! — ele questionou, assustado.
— Eu já vou te explicar, enquanto isso, aceita um copo de água? O senhor não parece muito bem… — falou Mayara.
Enquanto isso, Tiago, Jonas e os amigos de Samara estavam na delegacia prestando depoimento.
Os depoimentos não demoraram, pois, eles haviam chegado na cidade naquele dia, e não tinham como colaborar. Já o interrogatório de Tiago demorou horas. Os policiais ficavam refazendo sempre as mesmas perguntas, e Tiago parecia cada vez mais confuso.
— Jonas, eu queria te fazer uma pergunta — falou Sofia, enquanto aguardavam Tiago sair do interrogatório.
— Pode fazer…
— Você trabalha com pesquisas genéticas e neurológicas, é possível fazer alguém se lembrar de algo que ele não fez?
— Como assim?
— Não sei… Implantar uma memória falsa em alguém… Sei que parece loucura, mas ouvi um policial dizendo que o depoimento do Tiago está muito confuso, e a história já estava estranha desde que o detetive o interrogou lá na casa dele.
— Bom, tecnicamente… — Jonas começou a falar, mas parou repentinamente, e foi correndo em direção ao policial que o interrogou.
— Tenho uma informação que talvez possa ajudar.
Enquanto isso no clube…
— Sinto muito que tudo tenha acontecido desse jeito… — falou Mayara. — Mas foi preciso. Sabe, quando eu trabalhava com meu irmão, nós estávamos desenvolvendo um chip que poderia ser implantado no cérebro. A princípio, a ideia era poder usar esses chips para jogar videogame usando nossa imaginação.
“Mas Jonas percebeu que o Chip poderia ser usado de outras formas, como fazer ligações e mandar mensagens só com pensamentos, e talvez até tratar problemas neurológicos.
Começamos a estudar a interpretação dos pensamentos através das sinapses e tudo estava indo bem, até que percebi que havia algo de errado. Ele estava me escondendo alguma coisa. Às vezes eu chegava no laboratório e ele parava o que estava fazendo, ou escondia documentos.
Um dia, sem ele saber, fui ao laboratório de noite e comecei a mexer nos documentos. Acabei encontrando um contrato que Jonas havia feito com uma empresa sem me consultar. No contrato dizia que o sistema que estávamos criando poderia ser usado para forçar pensamentos. Obrigar as pessoas a pensar o que o dono do chip quisesse sem que elas percebessem estarem sendo controladas.
Isso é muito perigoso. Eles queriam forçar as pessoas a comprar tudo o que a marca anunciasse, e sabe-se lá mais o que seriam capazes de fazer com essa tecnologia. Então contei tudo para o meu marido, e para a mulher do meu irmão, mas eles já sabiam, e estavam de acordo. Todos esconderam isso de mim porque sabiam que eu jamais concordaria.
Fiquei muito brava, queimei toda a pesquisa que fizemos, expulsei meu marido de casa e me mudei para longe do meu irmão, mas pedi que meus filhos mantivessem contato com os primos, porque eu precisava saber se meu irmão ainda estava trabalhando na pesquisa.
É claro que estava, ele continuou a pesquisa por anos, e agora está prestes a lançar o chip na empresa que criou.
Sei como isso é perigoso, precisava fazer alguma coisa. Tentei contatar a imprensa, a polícia, todos, mas ninguém acreditou em mim. Eu entendo, nem eu acreditaria. Então só me restou uma opção, mostrar para todos que eu estava dizendo a verdade.
Mantive uma cópia de toda a pesquisa que fiz, pois sabia que poderia precisar.”
— Espera, você está me dizendo que colocou o chip no seu próprio filho, e o convenceu de que te matou?
— Não, eu jamais faria isso. Tudo foi combinado com meus filhos. Eu apenas coloquei o chip no Tiago para que ele tivesse mais facilidade de chorar e fazer parecer real. O meu plano, na verdade, começou depois que vocês acharam o meu “corpo”.
“Tirei algumas fotos e fiz as filmagens como se estivesse morta, e entreguei para a polícia, me passando por um funcionário do parque. Então, quando vocês chegaram no parque, usei uma seringa para colocar o chip em vocês, e convencê-los de que havia um corpo ali.”
— Não me lembro de injeção nenhuma! — indagou o policial.
— Claro que não! Apaguei isso da sua memória e dos seus colegas. Vocês também não lembram que falei com vocês na entrada do parque, me passando por funcionária. Mas tenho vídeos de segurança que mostram tudo isso.
O policial ainda estava tentando assimilar todas aquelas informações, quando ouviram passos de várias pessoas entrando no prédio.
— Parada, você está presa! — gritou um policial para Mayara.
— O que está acontecendo? — perguntou Everton.
— Jonas nos contou a verdade. Essa mulher é louca, ela quer implantar um chip em todos para controlar nossas mentes.
— Espera, ela me disse exatamente o oposto!
Jonas e Mayara foram levados para a delegacia, enquanto os policiais discutiam entre si, tentando descobrir qual história era a verdadeira.
Todos foram interrogados novamente, até Maria, mulher de Jonas, que não estava na cidade, fora chamada para prestar depoimento.
Enquanto isso, Emília, Tiago, Samara e seus amigos conversavam do lado de fora da delegacia.
— Você mentiu, não existe clube das meninas, né? — Samara perguntou.
— Não, eu disse aquilo para tentar te convencer a vir aqui, para que pudéssemos te contar a verdade — Emília respondeu.
— Entendi, mas de qualquer forma, meu pai nunca me deixaria vir.
— Eu imaginei, mas não custava tentar.
— Afinal de contas, quem está falando a verdade? — perguntou Gabriel.
— Sinto muito Samara — Falou Sofia — Mas com certeza seu pai está mentindo.
— Por que diz isso? — Questionou Michel.
— Ficou muito claro que ele só inventou essa história para se salvar. Quando perguntei para ele sobre a possibilidade de criar memórias, ele ligou os pontos e viu que estaria encrencado se a polícia descobrisse a existência do chip.
— Eu sei… Conheço meu pai, eles sempre tentam esconder informações sobre o trabalho deles de mim, acham que não sei quando estão mentindo, mas aprendi a identificar faz tempo — respondeu Samara.
Algumas semanas se passaram, e Mayara conseguiu provar que tudo o que ela falou era verdade, e a empresa de Jonas foi processada. Eles foram proibidos de desenvolver o chip, e acabaram sendo obrigados a mudar o foco de pesquisa, para não fechar a empresa.
Mayara respondeu criminalmente por enganar a polícia, mas surgiu uma campanha na internet, apoiando ela. A pressão popular fez sua pena ser apenas uma multa e serviço comunitário, ao invés de ser presa.
Tiago, Emília e Samara continuaram sendo amigos, e agora os três participam das “investigações” do grupo, que ficou conhecido como “os adolescentes detetives”, depois do Everton ter dado uma entrevista dizendo que eles ajudaram a resolver o caso.
Samara e Michel continuam namorando. Aquela paixão inicial se tornou amor, e, um ano depois, eles ainda se apaixonam cada dia mais um pelo outro.
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