Angústia
Respiro fundo para tentar acalmar a ansiedade; aqui não é lugar para surtar. No entanto, parece que, quanto mais tento me controlar, mais descontrolada fico.
O caos na minha mente é gigante — são tantos pensamentos ao mesmo tempo. O que faço? Nem sequer sei o que pensar primeiro.
Como vim parar aqui? Onde estou? Há quanto tempo?
E se eu tentar escapar? Se eu fizer isso e aquele monstro me ver, estou lascada.
Está tão frio, e eu estou com tanta fome… Minhas mãos tremem; mal consigo ficar em pé.
Será que devo só aceitar que esse é o meu fim e esperar a morte? Quero tanto que ela chegue rápido, mas, infelizmente, provavelmente ainda consigo sobreviver por mais algumas semanas.
Olho ao redor, procurando alguma forma de escapar, mas está escuro; apenas uma luz fraca ilumina todo esse lugar. Acredito que seja um galpão no subsolo, pois não há janelas — mas já não tenho certeza de nada.
E se eu puxar a mesa de madeira, colocá-la embaixo do alçapão e subir nela para tentar escapar?
Você é idiota? Se arrastar qualquer coisa, ele ouve; tudo aqui faz muito barulho — qualquer micro-movimento gera ecos que duram vários minutos.
Sou muito burra, não consigo escapar; não tem como. Ele vai me deixar morrer aqui enquanto assiste ao meu sofrimento, eu sei. Esse psicopata maluco fica ali, parado, do outro lado da porta de vidro.
Só consigo ver sua silhueta — ele nem se move. Não sei se está me olhando ou se está de costas, mas sei que está se divertindo.
E se eu fingir que morri e, quando ele chegar, escapar?
Só posso estar ficando maluca: ele é muito alto — como posso escapar dele? E o que faz comigo quando percebe que montei uma armadilha?
Ele é inteligente; percebe meu plano. Qualquer coisa que eu tente, ele vai descobrir e me castigar — me torturar.
Não posso… Não aguento mais… Preciso acabar com essa história logo; não tenho coragem o suficiente para tentar escapar. Sou burra demais para isso, e também não consigo esperar até minha morte — não vou aguentar o sofrimento até lá.
Respiro fundo, tento trazer toda a coragem que resta dentro de mim — que, infelizmente, não é muita. Levanto-me tremendo; minha visão fica turva, sinto que vou desmaiar. Paro, escoro-me na parede e tento respirar. Vou andando lentamente em direção à porta, enquanto me seguro nos objetos velhos ao meu redor.
— Ei! Por favor, eu imploro — me tire daqui ou me mate logo! — grito o mais alto que consigo. — Eu não aguento mais!
Espero a resposta da sombra, mas ela nem sequer se mexe. Aproximo-me mais da porta e começo a bater no vidro.
— Ei! Abre! — soco a porta incessantemente; no entanto, a sombra permanece imóvel.
Completamente confusa, tento abrir a porta, mas está trancada. Então junto toda a força que ainda me resta, pego uma cadeira e a arremesso contra o vidro, quebrando-o.
Do lado de fora da sala está um manequim.
Abro a porta por fora e saio lentamente da sala. Há um corredor longo com uma porta de metal no final. Sigo andando até ela com muita cautela, sem saber se há ou não alguém ali.
Chego à porta de metal e, ao lado dela, vejo uma placa:
“Parabéns — você teve coragem o suficiente para sair desse lugar. Fim de jogo.”
Abro a porta lentamente; não está trancada.
Do lado de fora, sinto a brisa gelada da noite acariciando minha pele…
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